ABSTRACT
El presente artículo aborda la cuestión del desamparo a partir de los relatos de mujeres que son madres en el contexto del distanciamiento social provocado por la pandemia del COVID-19. Con una base psicoanalítica, se realizó la lectura de 342 relatos, elaborados por mujeres que fueron contactadas a través de las redes sociales, y una revisión narrativa de la literatura sobre el tema del desamparo, con el objetivo de articular los relatos con reflexiones teóricas. Se evidenció que la pandemia provocó que estas mujeres se encontraran profundamente solas, sin ayuda y sin recursos. El desamparo e incluso el desánimo parecen ser elementos clave para analizar la situación de las mujeres que son madres en el contexto del COVID-19 en Brasil.Alternate : O presente trabalho discute a questão do desamparo a partir de relatos de mulheres que são mães no contexto de distanciamento social provocado pela pandemia de covid-19. Com base na psicanálise, realizou-se a leitura de 342 relatos, produzidos por mulheres convidadas via redes sociais, e uma revisão narrativa de literatura sobre o tema do desamparo, visando a articular os relatos com as reflexões teóricas. Destacou-se que a pandemia acarretou a essas mulheres se encontrarem intensamente sozinhas, sem ajuda e sem recursos. O desamparo e, inclusive, o desalento parecem ser elementos fundamentais para analisar a situação das mulheres que são mães no contexto de covid-19 no Brasil.Alternate : This paper addresses the problem of abandonment based on narratives of women who are mothers in the context of the social distancing caused by the COVID-19 pandemic. With a psychoanalytical basis, the reading of 342 accounts produced by women invited via social networks and a narrative review of the literature on abandonment were carried out. The aim was to articulate the narratives and the theoretical reflections. It was noted that the pandemic led these women to find themselves intensely alone, helpless, and without resources. Therefore, abandonment and even dejection seem to be the essential elements for analyzing the situation of women who are mothers in the context of COVID-19 in Brazil.
ABSTRACT
Para compreender melhor a percepção de desgoverno e o sentimento de desamparo que se alastraram no Brasil sob a Covid-19, este artigo examina dois momentos históricos relativos à interface peste-desamparo, das perspectivas psicanalítica e política. O primeiro momento trata do entrelaçamento entre vida e obra de Freud e culmina com sua experiência com a pandemia da gripe espanhola, em 1920; o segundo, trabalha a forma pela qual estamos lidando com o advento da pandemia do coronavírus, desde março de 2020, que — até o momento em que escrevo este artigo (janeiro de 2022) — matou mais de 600 mil brasileiros e trouxe o luto para mais de cinco milhões de famílias no mundo. A hipótese deste trabalho assevera que o sentimento de desamparo que estamos vivenciando desvela o negacionismo e o desgoverno que, inclusive, põem em xeque o estado democrático de direito no país.
Resumos To better understand the widespread perception of misgovernment and helplessness in Brazil during the COVID-19 pandemic, this article examines two historic moments referring to the interface between plague and helplessness, from the psychoanalytic and political perspectives. Firstly, it addresses the intertwining between Freud's life and work, culminating with his experience during the Spanish flu pandemic, in 1920. Secondly, it analyses the measures put in place to combat the coronavirus pandemic, since March 2020, which — until the moment I am writing this article (January 2022) — killed more than 600,000 Brazilians and left more than five million families around the world in mourning. This paper asserts that the feeling of helplessness unveils a state of denialism and misgovernment, which calls into question the Brazilian rule of law.
Pour mieux comprendre la perception répandue de la mauvaise administartion et de l'impuissance au Brésil pendant la pandémie de Covid-19, cet article examine deux moments historiques liés à l'interface peste-impuissance, du point de vue psychanalytique et politique. Premièrement, il traite de l'imbrication entre la vie et l'œuvre de Freud, qui culmine avec son expérience pendant la pandémie de grippe espagnole en 1920. Deuxièmement, il analyse les mesures misen en place pour combattre la pandémie du coronavirus, depuis mars 2020, qui — jusqu'au moment de la rédaction de cet article (janvier 2022) — a fait plus de 600 000 victimes brésiliennes et endeuillé plus de cinq millions de familles dans le monde. Cet essai affirme que le sentiment d'impuissance dévoile un état de négationnisme et de mauvaise gouvernance, qui remet en question l'État de droit et la démocratie au Brésil.
Para comprender mejor la percepción del desgobierno y del sentimiento de desamparo en Brasil durante la crisis del Covid-19, este artículo examina dos momentos históricos relacionados con la interfaz peste-desamparo, desde un punto de vista psicoanalítico y político. El primer momento trata del entrelazamiento entre la vida y la obra de Freud y culmina con su experiencia con la pandemia de gripe española en 1920. El segundo momento se refiere a la forma en que estamos lidiando con el advenimiento de la pandemia de Coronavirus desde marzo de 2020 que, al momento de redactar este artículo (enero de 2022), ha causado más de 600.000 víctimas brasileñas y dejado más de cinco millones de familias en todo el mundo. Este ensayo se basa en el supuesto de que el sentimiento de desamparo que experimentamos se debe a la negación del Covid y al desgobierno. Además, estas dos razones han representado una amenaza para el estado de derecho y la democracia en Brasil.
ABSTRACT
Para compreender melhor a percepção de desgoverno e o sentimento de desamparo que se alastraram no Brasil sob a Covid-19, este artigo examina dois momentos históricos relativos à interface peste-desamparo, das perspectivas psicanalítica e política. O primeiro momento trata do entrelaçamento entre vida e obra de Freud e culmina com sua experiência com a pandemia da gripe espanhola, em 1920; o segundo, trabalha a forma pela qual estamos lidando com o advento da pandemia do coronavírus, desde março de 2020, que — até o momento em que escrevo este artigo (janeiro de 2022) — matou mais de 600 mil brasileiros e trouxe o luto para mais de cinco milhões de famílias no mundo. A hipótese deste trabalho assevera que o sentimento de desamparo que estamos vivenciando desvela o negacionismo e o desgoverno que, inclusive, põem em xeque o estado democrático de direito no país.
Resumos To better understand the widespread perception of misgovernment and helplessness in Brazil during the COVID-19 pandemic, this article examines two historic moments referring to the interface between plague and helplessness, from the psychoanalytic and political perspectives. Firstly, it addresses the intertwining between Freud's life and work, culminating with his experience during the Spanish flu pandemic, in 1920. Secondly, it analyses the measures put in place to combat the coronavirus pandemic, since March 2020, which — until the moment I am writing this article (January 2022) — killed more than 600,000 Brazilians and left more than five million families around the world in mourning. This paper asserts that the feeling of helplessness unveils a state of denialism and misgovernment, which calls into question the Brazilian rule of law.
Pour mieux comprendre la perception répandue de la mauvaise administartion et de l'impuissance au Brésil pendant la pandémie de Covid-19, cet article examine deux moments historiques liés à l'interface peste-impuissance, du point de vue psychanalytique et politique. Premièrement, il traite de l'imbrication entre la vie et l'œuvre de Freud, qui culmine avec son expérience pendant la pandémie de grippe espagnole en 1920. Deuxièmement, il analyse les mesures misen en place pour combattre la pandémie du coronavirus, depuis mars 2020, qui — jusqu'au moment de la rédaction de cet article (janvier 2022) — a fait plus de 600 000 victimes brésiliennes et endeuillé plus de cinq millions de familles dans le monde. Cet essai affirme que le sentiment d'impuissance dévoile un état de négationnisme et de mauvaise gouvernance, qui remet en question l'État de droit et la démocratie au Brésil.
Para comprender mejor la percepción del desgobierno y del sentimiento de desamparo en Brasil durante la crisis del Covid-19, este artículo examina dos momentos históricos relacionados con la interfaz peste-desamparo, desde un punto de vista psicoanalítico y político. El primer momento trata del entrelazamiento entre la vida y la obra de Freud y culmina con su experiencia con la pandemia de gripe española en 1920. El segundo momento se refiere a la forma en que estamos lidiando con el advenimiento de la pandemia de Coronavirus desde marzo de 2020 que, al momento de redactar este artículo (enero de 2022), ha causado más de 600.000 víctimas brasileñas y dejado más de cinco millones de familias en todo el mundo. Este ensayo se basa en el supuesto de que el sentimiento de desamparo que experimentamos se debe a la negación del Covid y al desgobierno. Además, estas dos razones han representado una amenaza para el estado de derecho y la democracia en Brasil.
ABSTRACT
O presente trabalho, a partir da interface Educação e Psicanálise, em interlocução com alguns pressupostos filosóficos, sobretudo no que concerne às teorizações de Hannah Arendt e Gert Biesta, pretende discutir algumas hipóteses acerca da atual primazia da aprendizagem e do suposto protagonismo do aluno, com o consequente apagamento do lugar do professor e do ensino. Com o reducionismo do direito constitucional à educação em direito à aprendizagem, sob a influência de organizações internacionais, como a OCDE, marcadas por uma lógica neoliberal, algumas políticas públicas obedecem à lógica de eficiência do mundo empresarial. Com metas mensuráveis, focadas em resultados, a complexidade do fenômeno educativo se reduz à performance e ao desempenho. Nessa perspectiva, quaisquer percalços na empreitada educativa são entendidos como um problema de gestão. Entretanto, como uma tarefa eminentemente humana, a Educação convive, paradoxalmente, com a impossibilidade de sua realização, visto que nunca alcança a totalidade da sua intenção, sempre não-toda. A tensão estrutural relativa ao enigmático (des)encontro entre o novo e o instituído obriga a educação a lidar continuamente com o mal-estar. Defende-se que a educação é um bem comum que se efetiva em um campo eminentemente relacional e, portanto, tenso, imprevisível, artesanal, avesso a determinações generalistas e, seguindo a tradição freudiana, impossível.Alternate : This work, based on the interface Education and Psychoanalysis, in dialogue with some philosophical assumptions, especially with regard to the theories of Hannah Arendt and Gert Biesta, intends to discuss some hypotheses about the current primacy of learning and the supposed role of the student, with the consequent deletion of the place of the teacher and teaching. With the reduction of the constitutional right to education in the right to learning, under the influence of international organizations, such as the OECD, marked by a neoliberal logic, some public policies obey the logic of efficiency in the business world. With measurable goals, focused on results, the complexity of the educational phenomenon is reduced to performance. In this perspective, any obstacles in the educational endeavor are understood as a management problem. However, as an eminently human task, Education lives, paradoxically, with the impossibility of its realization, since it never reaches the totality of its intention, always not-all. The structural tension related to the enigmatic (dis) encounter between the new and the instituted forces education to continually deal with malaise. It is argued that education is a common good that takes place in an eminently relational field and, therefore, tense, unpredictable, artisanal, averse to generalist determinations and, following Freudian tradition, impossible.Alternate : El presente trabajo, basado en la interfaz Educación y Psicoanálisis, en diálogo con algunos supuestos filosóficos, especialmente en lo que respecta a las teorías de Hannah Arendt y Gert Biesta, pretende discutir algunas hipótesis sobre la primacía actual del aprendizaje y el supuesto protagonismo del alumno, con la consecuente supresión del lugar del profesor y la docencia. Con la reducción del derecho constitucional a la educación en el derecho al aprendizaje, bajo la influencia de organismos internacionales, como la OCDE, marcada por una lógica neoliberal, algunas políticas públicas obedecen a la lógica de la eficiencia del mundo empresarial. Con metas medibles, enfocadas a resultados, la complejidad del fenómeno educativo se reduce a desempeño. En esta perspectiva, cualquier obstáculo en el quehacer educativo se entiende como un problema de gestión. Sin embargo, como tarea eminentemente humana, la Educación vive, paradójicamente, con la imposibilidad de su realización, ya que nunca alcanza la totalidad de su intención, siempre no-toda. La tensión estructural relacionada con el enigmático (des)encuentro entre lo nuevo y lo institui o obliga a la educación a lidiar continuamente con el malestar. Se argumenta que la educación es un bien común que se desarrolla en un campo eminentemente relacional y, por tanto, tenso, impredecible, artesanal, contrario a las determinaciones generalistas y, siguiendo la tradición freudiana, imposible.
ABSTRACT
En el presente artículo desarrollaremos la concepción del psicoanálisis como síntoma en el marco del avance capitalista, especialmente agudizado por la pandemia del covid-19. La ideología regida por el capital se ubica en las antípodas de aquella sostenida en la ética del deseo. El psicoanálisis cuenta con la sublevación del síntoma, la cual en su envoltura formal simbólica vela un Real, irreductible a la lógica mercantil. Se genera así una tensión con las perspectivas teleológicas de la historia, esbozada en la pregunta por los alcances del discurso capitalista, aquella que Lacan destinó a estallar. El síntoma se presenta como alternativa a los imperativos de la época.Alternate : Neste artigo desenvolveremos a concepção da psicanálise como sintoma no quadro do avanço capitalista, especialmente exacerbado pela pandemia da COVID-19. A ideologia regida pelo capital situa-se nos antípodas daquela sustentada na ética do desejo. A psicanálise se apoia na revolta do sintoma, que em seu invólucro simbólico formal vela um Real, irredutível à lógica comercial. Assim, gera-se uma tensão com as perspectivas teleológicas da história, delineadas na pergunta sobre o alcance do discurso capitalista, aquele que Lacan destinou a explodir. O sintoma se apresenta como uma alternativa aos imperativos da época.Alternate : In this article we will develop the conception of psychoanalysis as symptom in the framework of capitalist advance, especially aggravated by the covid-19 pandemic. The ideology governed by capital is located at the antipodes of that sustained by the ethics of desire. Psychoanalysis counts on the uprising of the symptom, which in its formal symbolic envelope veils a Real, irreducible to mercantile logic. This generates a tension with the teleological perspectives of history, outlined in the question of the scope of capitalist discourse, the one that Lacan destined to explode. The symptom is presented as an alternative to the imperatives of the time.
ABSTRACT
In the current collective unrest, we and our analysands are living in real time and need vantage points from which to make meaning, as subjective experience of time is collapsing. For many analysands, the past is being relived in the present, with no imaginable future. During the time of COVID-19, dreams are providing a valuable mechanism in working with atemporal emotional trauma, previously uncontextualized. Dream metaphor can provide a transitional space to move around in within the analytic framework. This paper explores a variety of dreams from individual analysands demonstrating different ways of conceptualizing personal and collective experience, bridging between the past, present, and future. Parallels between feeling states related to the current condition and unprocessed implicit memories from the past will be examined, as a vehicle for processing past trauma. Dreams expressing current states of dread for an unimaginable future, as well compensatory dreams showing a hopeful vision of the future will be considered.
Dans l'agitation collective actuelle nous-même et nos analysants vivons en temps réel et avons besoin de postes d'observation à partir desquels nous pouvons trouver du sens, alors que notre expérience subjective du temps s'effondre. Pour beaucoup d'analysants le passé est revécu dans le présent et il n'est pas possible d'imaginer l'avenir. Durant cette période de COVID, les rêves fournissent un mécanisme précieux pour travailler sur le traumatisme émotionnel atemporel, jusqu'ici non-contextualisé. Les métaphores du rêve peuvent fournir un espace transitionnel pour évoluer dans l'espace analytique. Cet article explore plusieurs rêves d'analysants montrant différentes façons de conceptualiser l'expérience personnelle et collective, de faire des passerelles entre le passé, le présent et l'avenir. Nous étudierons les parallèles entre les états émotionnels en lien avec la situation actuelle et les souvenirs implicites et non-transformés, envisageant ceci comme un moyen de transformer les traumatismes passés. Nous examinerons des rêves qui expriment des états actuels d'effroi concernant un avenir impossible à imaginer, ainsi que des rêves compensatoires montrant une vision optimiste de l'avenir.
En el malestar colectivo actual nosotros y nuestros analizandos estamos viviendo en tiempo real y necesitamos puntos de vista desde los cuales crear sentido, a medida que la experiencia subjetiva del tiempo está colapsando. Para muchos analizandos, el pasado está siendo revivido en el presente, con un futuro inimaginable. Durante el tiempo del COVID, los sueños están ofreciendo un valioso mecanismo para trabajar con trauma emocional atemporal, previamente no contextualizado. La metáfora del sueño puede ofrecer un espacio transicional para moverse alrededor y dentro del encuadre analítico. El presente trabajo explora una variedad de sueños de analizandos individuales demostrando diversos modos de conceptualizar la experiencia personal y colectiva, creando un puente entre el pasado, el presente y el futuro. Se examinan los paralelismos entre estados emocionales relativos a la condición actual y las memorias implícitas del pasado no procesadas, como vía para procesar el trauma del pasado. Serán considerados, los sueños que expresan estados actuales de miedo por un futuro inimaginable, así como los sueños compensatorios que muestran una visión esperanzadora acerca del futuro.